sexta-feira, 30 de março de 2012

Vídeo: Porque eu escolhi uma arma - Peter van Uhm

Vídeo: Porque eu escolhi uma arma

Brilhante e espetacular argumentação do General Peter Van Uhm - Chefe do Estado-Maior de Defesa dos países baixos, mostrando claramente a necessidade imperiosa de termos forças armadas muito bem equipadas e treinadas.

Não deixe de assistir, mesmo que você seja radicalmente anti-armas, passará a entender melhor para que servem nossas forças armadas e facilmente se pode concluir também que, em cada residência, o chefe de família deveria ter uma boa arma e estar treinado para defender sua propriedade e seus entes queriros e não ficar a mercê de toda sorte de malfeitores que,lamentavelmente andam à solta pelas cidades do Brasil.

O vídeo que vocês vão ver é a mais espetacular argumentação elaborada sobre a necessidade dos exércitos, mesmo por países pacíficos. Estou remetendo inclusive a civis, pois eles, como muitos de nós, as vezes duvidam da nossa missão e nos fazemos a velha pergunta: "Para que servem as Forças Armadas?"

Vale a pena ver.

Peter Van Uhm é o Chefe do Estado-Maior de Defesa dos Países Baixos, mas isso não significa que ele seja a favor da guerra. No TEDxAmsterdam ele explica como sua carreira é formada pelo amor a paz, não pelo desejo de derramamento de sangue -- e porque nós precisamos de exércitos se queremos paz.

http://www.ted.com/talks/lang/pt-br/peter_van_uhm_why_i_chose_a_gun.html

Texto do discurso do General, na integra:

Como mais alto comandante militar dos Países-Baixos, com tropas estacionadas ao redor do mundo, estou muito honrado em estar aqui hoje. Quando olho em volta neste espaço da TEDxAmsterdam, vejo uma audiência muito especial. Vocês são a razão de eu ter dito sim ao convite para estar aqui hoje.

Quando olho em volta, vejo pessoas que querem contribuir, vejo pessoas que querem construir um mundo melhor, fazendo um trabalho científico inovador, criando impressionantes obras de arte, escrevendo artigos cruciais ou livros inspiradores,iniciando negócios sustentáveis. Vocês todos escolheram seus próprios instrumentospara cumprir esta missão de criar um mundo melhor. Alguns escolhem o microscópiocomo seu instrumento. Outros escolhem dançar ou pintar ou fazer música como acabamos de ouvir. Alguns escolhem a caneta. Outros trabalham como instrumento o dinheiro.

Senhoras e senhores, eu fiz uma escolha diferente. Obrigado. Senhoras e senhores --(Risos) (Aplausos) Compartilho os seus objetivos. Eu compartilho os objetivos dos oradores que ouviram antes. Não escolhi assumir a caneta, o pincel, a câmera. Escolhi este instrumento. Eu escolhi a arma.

Para vocês, e vocês já ouviram isso, estar tão perto desta arma pode incomodar vocês.Pode até ser amedrontador. Uma arma de verdade a poucos metros de distância.Vamos parar um pouco e sentir este incômodo. Daria até para escutá-lo. Vamos valorizar o fato de que provavelmente muitos de vocês nunca estiveram tão perto de uma arma.Significa que os Países-Baixos são um país pacífico. Os Países-Baixos não estão em guerra. Quer dizer que soldados não são necessários para patrulhar nossas ruas.Armas não fazem parte de nossas vidas. Em muitos países é uma história diferente. E muitos países pessoas são confrontadas com armas. São oprimidas. São intimidadas -- por militaristas, por terroristas, por criminosos. Armas podem machucar bastante. Elas são a causa de muita angústia.

Por que então estou aqui diante de vocês com esta arma? Por que escolhi a arma como meu instrumento? Hoje quero contar a vocês o porquê. Hoje quero contar porque escolhi a arma para criar um mundo melhor. E eu quero lhes contar como esta arma pode ajudar.

Minha história começa na cidade de Nijmegen ao leste dos Países-Baixos, a cidade onde nasci. Meu pai era um padeiro trabalhador, mas quando ele terminava o trabalho na padaria, sempre contava histórias para mim e meus irmãos. Na maioria das vezes,ele contava esta história que vou compartilhar com vocês. A história de o quê aconteceuquando ele serviu como soldado nas forças holandesas no início da Segunda Guerra Mundial. Os nazistas invadiram os Países-Baixos. Seus planos sombrios eram evidentes. Eles queriam dominar usando a repressão. A diplomacia falhara em deter os alemães. Restou apenas a força bruta. Era nosso último recurso. Meu pai estava lá para fornecê-la.

Como filho de fazendeiro que sabia como caçar, meu pai era um excelente atirador.Quando mirava, ele nunca errava. Neste momento decisivo na história holandesa meu pai estava posicionado na margem do rio Waal próximo a cidade de Nijmegen. Ele tinha uma boa visão para atirar nos soldados alemães que vieram ocupar um país livre, o país dele, nosso país. Ele atirou. Nada aconteceu. Ele atirou novamente. Nenhum soldado alemão foi ao solo. Meu pai havia recebido uma arma velha que nem mesmo podia alcançar a margem oposta. As tropas de Hitler marcharam, e não havia nada que meu pai pudesse fazer. Até o dia em que meu pai faleceu, ele estava frustrado por aqueles tiros que perdeu. Ele poderia ter feito algo. Mas com uma arma velha, nem o melhor atirador nas forças armadas poderia acertar o alvo. Assim esta história ficou comigo.

Então no colegial, fui fisgado pelas histórias dos soldados Aliados -- soldados que deixaram a segurança de seus lares e arriscaram suas vidas para libertar um país e um povo que não conheciam. Eles libertaram minha cidade natal. Foi quando decidi que escolheria a arma -- por respeito e gratidão por aqueles homens e mulheres que vieram nos libertar -- da consciência que às vezes somente a arma pode ficar entre o bem e o mal.

E este é o porquê eu escolhi a arma -- não para atirar, não para matar, não para destruir,mas para deter aqueles iriam fazer o mal, proteger o vulnerável, defender valores democráticos, defender a liberdade que temos para conversar aqui hoje em Amsterdamsobre como podemos fazer do mundo um lugar melhor.

Senhora e senhores, não estou aqui hoje para falar sobre a glória das armas. Eu não gosto de armas. Se alguma vez você já esteve sob fogo cerrado, fica muito claro que uma arma não é um algo para machos se gabarem. Eu estou aqui hoje para falar a vocês do uso da arma como um instrumento de paz e estabilidade. A arma pode ser um dos mais importantes instrumentos de paz e estabilidade que temos neste mundo.

Isto pode soar contraditório para vocês. Mas não só tenho visto com meus próprios olhos durante meus remanejos para o Líbano, Sarajevo e [incerto] nacional como chefe de defesa dos Países-Baixos, isto também tem apoio das duras e frias estatísticas.Violência diminuiu dramaticamente nos últimos 500 anos. Apesar das imagens que nos são mostradas diariamente nos noticiários, guerras entre países desenvolvidos não são mais um lugar-comum. A taxa de assassinatos na Europa diminuiu em 30 vezes desde a Idade Média. E ocorrências de guerra civil e repressão tem diminuído desde o final da Guerra Fria. As estatísticas mostram que estamos vivendo em uma era relativamente pacífica.

Por que? Por que a violência diminuiu? Terá a mente humana mudado? Estávamos falando sobre a mente humana esta manhã. Simplesmente perdemos nossos impulsos bestiais por vingança. por rituais violentos, para a raiva pura? Ou há algo mais? Em seu último livro, o professor de Harvard, Steven Pinker -- e muitos outros pensadores antes dele -- concluíram que um dos principais fatores por trás de sociedades menos violentas é a propagação do estado constitucional e a introdução em larga escala do monopólio estatal do uso legítimo da violência -- legitimado por um governo eleito democraticamente, legitimado por verificações e balanços e um sistema judicial independente. Em outras palavras, um monopólio estatal que tenha o uso da violênciabem controlado.

Tal monopólio estatal sobre a violência, antes de tudo, serve como uma garantia. Ele remove o incentivo para uma corrida armamentista entre grupos potencialmente hostisem nossas sociedades. Em segundo lugar, a presença de penalidades que ultrapassem os benefícios do uso da violência equilibram a balança ainda mais. Abster da violência torna-se mais lucrativo do que iniciar uma guerra. A não-violência começa agir como uma peça de motor. Ela impulsiona a paz para ainda mais longe. Onde não há conflito, o comércio prospera. E comércio é outro importante incentivo contra a violência. Com o comércio, há uma mútua interdependência e ganho mútuo para ambos os lados. E onde há ganho mútuo, ambos os lados perdem mais do que ganhariam se iniciassem uma guerra. Guerra simplesmente não é mais a melhor opção, e por isso a violência tem diminuído.

Isto, senhoras e senhores, é o raciocínio por detrás da existência das minhas forças armadas. As forças armadas implementam o monopólio estatal da violência. O fazemos de modo legitimo somente após nossa democracia ter nos solicitado. Este legítimo, e controlado uso da arma tem contribuído enormemente nas estatísticas de guerra,conflitos e violência ao redor do globo. É a participação em missões para a paz que tem levado à solução de muitas guerras civis. Meus soldados usam a arma como um instrumento de paz.

Exatamente por isso que estados fracassados são tão perigosos. Estados fracassadosnão possuem uso democraticamente legítimo e controlado da força. Estados fracassados não sabem usar a arma como um instrumento de paz e estabilidade. Por isso que estados fracassados podem arrastar toda uma região para o caos e conflito.Por isso que disseminar o conceito do estado constitucional é um aspecto tão importante de nossas missões no estrangeiro. Por isso que estamos tentando construir um sistema judicial nesse instante no Afeganistão. Por isso treinamos policiais,treinamos juízes, treinamos promotores ao redor do mundo. E por isso -- e nos Países-Baixos, somos bem únicos nisso -- por isso que a constituição holandesa estabeleceque uma de nossas principais tarefas das forças armadas é manter e promover o papel internacional da lei.

Senhoras e senhores, olhando para esta arma, somos confrontados com o pior lado da mente humana. A cada dia eu espero que políticos, diplomatas, empreendedorespossam transformar conflito em paz e ameaça em esperança. E espero que um diaexércitos possam ser debandados e os humanos tenham encontrado um modo de viver juntos sem violência ou opressão. Mas até que este dia venha, teremos que fazer ideaise falhas humanas encontrarem-se em um meio-termo. Até que este dia chegue, fico ao lado de meu pai que tentou acertar os nazistas com uma velha arma. Fico ao lado de homens e mulheres que estão preparados para arriscarem suas vidas por um mundo menos violento para todos nós. Fico ao lado desta soldado que sofreu uma perda parcial de audição e ferimentos permanentes em sua perna, que foi atingida por um foguete em uma missão no Afeganistão.

Senhoras e senhores, até que este dia chegue quando poderemos nos livrar da arma,espero que todos concordem que paz e estabilidade não vem de graça. Custa muito trabalho duro, geralmente nos bastidores. Custa bom equipamento e soldados dedicados e bem treinados. Espero que apóiem os esforços de nossas forças armadaspara treinar soldados como esta jovem capitã e fornecer a ela uma boa arma, ao invés da ruim que foi dada ao meu pai. Espero que apóiem nossos soldados quando eles estiverem lá longe, quando eles vierem para casa e quando estiverem feridos e precisando de nosso cuidado. Eles colocam suas vidas em risco, por nós, por vocês, e não podemos desampará-los.

Espero que respeitem meus soldados, este soldado com esta arma. Porque ela quer um mundo melhor. Porque ela faz uma contribuição ativa para um mundo melhor, como todos nós aqui hoje.

Muito obrigado a vocês.

(Aplausos)