quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Mira aberta - Técnicas de visada

Material copilado com autorização. Sr. Carlos Henrique Zerbini (D’elite)

Técnicas de visada - Mira Aberta.


Para se lançar um projétil contra um determinado alvo, independente do tipo de equipamento (arma) que se utilize, a técnica é simples:
orientar o equipamento (arma) para o alvo e acionar o “gatilho” sem alterar essa orientação.


Para realizar essa tarefa com maior precisão, criou-se o “aparelho de pontaria”, que no nosso caso é composto da alça de mira e da massa de mira.
Alinhar a figura alça e massa, ou seja, montar a figura de visada é muito simples, porém mantê-la alinhada enquanto se aciona o gatilho é uma tarefa mais difícil, e é imprescindível para atingirmos nosso objetivo principal: acertar o centro do alvo.

Cabe lembrar, que é essencial que a sua empunhadura física esteja pronta, de forma que obter o alinhamento alça/massa seja uma tarefa fácil e natural (ver artigo sobre empunhadura).


Também é pré-requisito ter desenvolvido a capacidade de sustentar a arma, na altura de disparo, pelo período necessário à execução do processo. Essa capacidade é obtida através da melhora do preparo físico (geral e especial) e da execução do exercício de posição interior (ver artigo sobre posição).

Portanto, alinhar e principalmente manter da figura de visada, só é possível após o atleta ter adquirido a capacidade de posicionar e manter,
o conjunto atirador/arma alinhado com o alvo. Como vimos anteriormente, isso irá requerer: posição exterior correta, posição interior desenvolvida e empunhadura física acertada.

Antes de prosseguir, vamos relembrar alguns conceitos sobre a visada:

1. Linha de Visada é a linha reta que liga o olho do atirador, a alça, a massa e o alvo.

2. A figura alça/massa deve ser montada posicionando a massa no centro do entalhe da alça (mantendo a mesma quantidade de luz de cada lado da massa) e o topo da massa na mesma linha horizontal (altura) das bordas superiores horizontais da alça.

3. Zona de Visada é a área branca circular abaixo da zona preta do alvo de precisão, local onde posicionamos a figura alça/massa. O fundo branco facilita o alinhamento, já que tanto a alça quanto a massa são pretas.

4. Como o nosso aparelho ótico não consegue focar objetos em distâncias diferentes, apenas um dos três objetos deve ser escolhido para ser focado. No caso, a MASSA DE MIRA.

5. Quem usa lente corretora, deve utilizar um óculos de tiro e uma lente que permita ver a massa de mira bem nítida.

6. A bola preta do alvo só serve para nos indicar a posição da zona de visada, e nunca, em momento algum, devemos focar o alvo.

7. Manter, durante todo o processo do disparo, a figura da alça/massa alinhada dentro da zona de visada, garante um agrupamento
de impactos no alvo proporcional à amplitude do seu arco de movimento, desde que não cometa erros de acionamento.

Visto isso, vou arriscar um palpite: 99 % dos atiradores que estão lendo esse artigo iniciaram atirando em um alvo normal, tiro real, tentando montar a figura de visada com três elementos, alça/massa/alvo, e acionando o gatilho no momento em que os três objetos se alinhavam. Vou arriscar outro palpite: 90 % continua “tentando” atirar assim.

Essa pequena diferença, do que compõe a figura de visada, “alça/massa” ou “alça/massa/alvo”, determina ter ou não sucesso como atleta do tiro
esportivo. Tentar incluir o alvo na figura é o grande erro da maioria dos atiradores.

A razão é simples: ninguém, mesmo o mais treinado dos atiradores, possui um arco de movimento de amplitude zero. Portanto, obter essa figura por um instante é possível, porém, mantê-la durante o tempo necessário para a execução do disparo é impossível. É impossível e desnecessário.

Nossa tarefa, por conseguinte, ficou mais simples: basta manter a figura alça/massa alinhada, dentro da zona de visada, antes, durante e depois
do disparo. Conseguindo isso, a amplitude do seu arco de movimento e a qualidade do seu acionamento determinam o tamanho do seu agrupamento no alvo.

Vamos analisar então, quais são os requisitos para se cumprir essa tarefa e que exercícios devemos fazer para melhorar nossa capacidade de realizá-la.

Em primeiro lugar, temos que desenvolver o hábito de eliminar a figura alvo da nossa “visada”. Isso é obtido de forma muito simples: usando alvo branco e/ou parede branca para treinar o fundamento visada, e sempre com tiro em seco. O tiro real mascara cerca de 40% dos erros do atirador, a maioria ocorridos nos últimos 0,4 segundos que antecedem a saída do projétil pela boca do cano.

Em segundo lugar, temos que acreditar que, mantendo a alça/massa alinhadas, independente da amplitude do nosso arco de movimento, obteremos o nosso melhor agrupamento, desde que o processo ocorra dentro do nosso tempo ideal de disparo. Isso irá requerer uma sincronia perfeita das ações do disparo, ou seja, sincronizar a execução dos fundamentos do processo do disparo.

Em terceiro lugar, entender que a tarefa só termina um “instante” após completado o acionamento, e que durante todo o tempo de execução do processo temos que manter nossa “atitude de disparo”, ou seja, posição, empunhadura e atenção no alinhamento alça/massa. O disparo deve ser sempre uma surpresa para o atirador.

Os exercícios sugeridos são:

1º Exercício: levar a arma para a zona de visada, sem “armar” o mecanismo de disparo, e enquanto o arco de movimento estabiliza e durante mais alguns segundos (+/- 10 seg), apertar e soltar a tecla do gatilho, observando e trabalhando para que essa ação não altere o alinhamento alça/massa.
Se a sua empunhadura física e técnica estiver correta, e a flexão do dedo indicador estiver sendo feita de forma independente dos demais músculos da mão, a figura de visada permanecerá alinhada durante o exercício.

2º Exercício: tiro em seco no alvo e/ou parede branca, executando o disparo em seco com a atenção dividida entre a execução correta do
acionamento (ver artigo sobre o acionamento) e a manutenção do alinhamento da figura alça/massa, dentro da zona de visada (quando em alvo branco).

3º Exercício: idem ao 2º , mas com 100% da atenção na figura alça/massa alinhada dentro da zona de visada (quando em alvo branco). A tarefa é: executar o disparo sem perder em momento algum a atenção no alinhamento da alça/massa e o foco na massa.

Essa seqüência de exercícios deve ser feita após os exercícios de posição (exterior e interior) e de acionamento.



Por Silvio Aguiar
Técnico da Seleção Brasileira de Tiro a Bala. Integrou a equipe brasileira de Pistola Livre e de Ar, de 1977 a 1987. Participou dos Jogos Olímpicos de Moscou e Los Angeles, Vice Campeão Pan Americano e recordista das FFAA de Fogo Central
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