quarta-feira, 21 de março de 2012

2012 - OS XXX JOGOS OLÍMPICOS DE LONDRES


2012 - OS XXX JOGOS OLÍMPICOS DE LONDRES


Pela terceira vez em sua história a cidade de Londres será o palco de mais uma edição dos Jogos Olímpicos de verão. Em agosto de 2012 o mundo inteiro estará acompanhando intensamente as emoções dos XXX Jogos. Para estes Jogos, o Tiro Brasileiro já conta com dois representantes, Ana Luísa de Melo e Filipe Fuzaro, vencedores de suas “quota place” disputadas no Campeonato das Américas, realizado no Rio de Janeiro no ano passado.

Na história dos dois primeiros Jogos colhemos fatos curiosos e aspectos interessantes que marcaram a escolha e a realização dos eventos ocorridos em Londres. Em 1908 a cidade de Londres foi selecionada superando a proposta apresentada pelo Comitê Olímpico Francês e realizou os seus primeiros Jogos. Quarenta anos depois, em 1948, novamente a cidade britânica promoveu os Jogos, logo após a segunda Guerra Mundial.



1. 1908 – IV JOGOS OLÍMPICOS DE LONDRES






1908 - Prova de Revólver – estande da



Associação Nacional de Rifle (NRA) – Bisley Inglaterra




A Helgelrud (NOR) campeão



da prova de fuzil





Nos III Jogos Olímpicos de Saint Louis – Estados Unidos, em 1904, ocorreram diversas falhas na organização do evento, como a ausência inexplicável das provas de tiro e o não comparecimento das melhores equipes da Europa devido à longa distância do país organizador dos Jogos com o Velho Continente. O Barão de Coubertin havia projetado inicialmente os IV Jogos Olímpicos para Roma, como homenagem à tradição e à antiguidade da cidade, porém acabou optando pela Grã-Bretanha uma vez que Londres oferecia as melhores condições estruturais na época e que também iria celebrar ao mesmo tempo uma exposição de arte franco-britânica.

Naqueles IV Jogos, pela primeira vez, as delegações participantes conduziram suas bandeiras na Cerimônia de Abertura. Presentes à Cerimônia o Rei Eduardo VII acompanhado do Barão de Coubertin e dos demais membros do Comitê Organizador. Nas provas de tiro competiram 247 atiradores, dos quais 70 eram britânicos. As competições de prato foram realizadas em Uxendon e as de tiro de fuzil, carabina e arma curta em Bisley, no histórico polígono da Associação Nacional de Rifle.

Durante a competição as condições atmosféricas não ajudaram os atiradores de 14 países, que enfrentaram fortes ventos, chuvas e uma constante neblina, típica do clima inglês, durante os três dias de provas. Na modalidade de fuzil três posições a 300 metros, os ingleses utilizaram um fuzil militar e se classificaram em sexto lugar. A prova foi vencida pelo norueguês A Helgerud enquanto a medalha de prata ficou com o norte-americano M Simon. A primeira vitória inglesa se deu com o atirador J.K.Miller, veterano de 60 anos, utilizando um fuzil “mannlicher” austríaco e vencendo a prova de 1000 jardas. Na prova de pistola a 50 jardas o belga Van Asbroek foi o vencedor.

O Brasil não participou desses Jogos, somente vindo a participar nos Jogos de Antuérpia, em 1920, com as três medalhas conquistadas pelos nossos atiradores, e um feito memorável.


2. 1948 – XIV JOGOS OLÍMPICOS DE LONDRES

Tal como havia ocorrido com a Antuérpia em 1920, a cidade de Londres foi escolhida pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) para sediar os XIV Jogos Olímpicos em reconhecimento à bravura e à resistência do povo inglês ao enfrentar o intenso bombardeio causado pela Força Aérea alemã na II Guerra Mundial, que provocou mortes e enormes estragos à capital londrina. Mais uma vez pesou uma decisão política para o COI escolher uma cidade para sediar os Jogos.





1948 - Delegação Brasileira e o
Presidente
do COB -
Major Sílvio Padilha






Alberto Braga competindo carabina deitado no estande improvisado, embaixo de barracas militares, onde não havia trincheiras

É interessante reportar a luta e a participação da equipe brasileira nos Jogos de Londres de 1948. Desde 1942 o Tiro Brasileiro estava subordinado à Confederação Brasileira de Caça e Tiro (CBCT), entidade que não era reconhecida pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e pela própria ISSF (antiga União Internacional de Tiro). Diante dessa realidade os atiradores olímpicos do passado – Dr. Afrânio Costa. Antônio Martins Guimarães, Harvey Villela, José Salvador Trindade e Eugênio Amaral se uniram e resolveram criar uma nova entidade voltada exclusivamente para o tiro olímpico – CBTA (28/11/1947).

A partir daí estabeleceu-se uma acirrada luta na justiça entre as duas entidades para ter o direito de selecionar os atiradores e para representar o Brasil nos Jogos de Londres.

O Ministro Dr. Afrânio Costa, presidente da nova entidade e muito influente nos meios desportivos conseguiu apoio do COB e através de uma liminar inscreveu a equipe brasileira de tiro para participar dos XIV Jogos Olímpicos de Londres. No tempo em que o Tiro esteve subordinado à Caça (1942), raras provas de tiro olímpico foram programadas pela CBCT, ao contrário das provas de tiro ao pombo que eram agendadas em quase todos os fins de semana.

A recém criada entidade do Tiro criada em 28 de novembro de 1947, (CBTA) passou a ser a única e legítima representante do Tiro Nacional. Hoje, com a nova designação (CBTE) o Tiro Brasileiro vem participando desses Jogos e dos eventos internacionais (vide artigo anterior da FMTE).

Após a II Guerra Mundial, a Inglaterra não havia recuperado as instalações militares arrasadas, inclusive o seu tradicional estande de tiro de Bisley, ficando sem as melhores condições técnicas para a realização do evento. O Comitê Olímpico Inglês teve que improvisar e adaptar o estande para as provas.

Assim, as provas de carabina e de pistola a 50 metros foram realizadas sem trincheiras para a troca de alvo. O Diretor da prova fornecia um tempo estimado e após o término do tempo, a prova era interrompida para a troca dos quadros com os alvos. Na prova de carabina cinco alvos eram fixados ao quadro e em posições diferentes. Os atiradores deveriam disparar dois tiros em cada alvo, tendo que mudar cinco vezes de posição em cada quadro.


Nos Jogos de Londres de 1948, o Brasil participou com três equipes e sete atiradores nas modalidades de: carabina deitada (“match inglês”), pistola livre e tiro rápido às silhuetas. Foram selecionados para integrarem a delegação brasileira os seguintes atiradores:
Arma longa: Antônio Martins Guimarães (DF), J.Pinto de Faria (DF) e Alberto Pereira Braga (DF), que contava na época com 18 anos de idade.
Arma curta: Álvaro José dos Santos Júnior (MG), Silvino Fernandes Ferreira (DF), Oswaldo Impelizieri (MG), Pedro Simão (SP) e Alan Sobocinski (SP).

Fato interessante foi o aparecimento das novas pistolas de tiro suíça Hammerly, especialmente confeccionadas para o evento. Os atiradores de arma curta adquiriram essas armas em Londres e competiram com as mesmas. Elas possuiam gravadas os “anéis olímpicos e o ano de 1948.


Nossos atletas tiveram boa participação nos Jogos, com resultados semelhantes aos índices técnicos alcançados durante a seletiva e nas provas dos campeonatos estaduais. Os resultados das provas disputadas pela equipe brasileira foram os seguintes:

a. Prova de Carabina Deitado - “match inglês” - 71 participantes

10 Arthur Cook EUA 599/ 43
20 Walter Tomsen EUA 599/ 42
30 Jonas Johnsson SUE 597/ 44
130 Antônio Martins Guimarães DF 594 (*)
280 Alberto Pereira Braga DF 589
450 J. Pinto de Faria SP 584
Obs: (*) Novo recorde brasileiro

b. Prova de Pistola Livre – 50 participantes

COL NOMES FED TOTAL
10 Edwin Vazquez Cam PER 545
20 Rudolf Schnyder SUI 539/ 21
30 Torsten Ullman SUE 539/ 16
280 Silvino Fernandes Ferreira DF 511
310 Álvaro José dos Santos Júnior DF 509

c. Prova de Tiro Rápido às Silhuetas - 59 participantes

COL NOMES FED TOTAL
10 Karoly Takacs HUN 580 (NRO)
20 Carlos Henrique Diaz Saenz Valiente ARG 571
30 Sven Lundqvist SUE 569
300 Pedro Simão SP 540
340 Álvaro José dos Santos Júnior DF 527
560 Alan Sobocinski SP 490

3. 2012 – XXV JOGOS OLÍMPICOS DE LONDRES

Ana Luíza Mello


Em Agosto de 2012 ocorrerão as provas do XXV Jogos Olímpicos na cidade de Londres e, nesta oportunidade o Comitê Olímpico Inglês deverá apresentar um estande de tiro moderno e espaçoso.

Por enquanto nossas esperanças de medalhas estão depositadas nos atiradores Ana Luíza Mello, que vai disputar a prova de pistola Sport e Filipe Fuzaro que irá competir em Fossa. Oxalá tenhamos mais brasileiros nas futuras “quota place” ainda em abertas em alguns dos eventos deste ano e que consigam trazer mais uma medalha olímpica para o Brasil.



FILIPE FUZARO


por Eduardo Ferreira
Recordista e campeão brasileiro de armas longas da CBTE e das Forças Armadas. Ex vice-presidente da CBTE e da federação do DF, ex presidente das federações do RJ e CE, e diretor das federações da PB e RS. Autor de "Arma Longa", "História do Tiro" e “Manual de Organização de Provas de Tiro”.
ferreiraedu@terra.com.br

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